A tecnologia pode ajudar a enfrentar a pobreza e a desigualdade social – mas nem todos os tipos de avanços da ciência são encarados como indiscutíveis possibilidades de melhorar a vida das pessoas.
Algumas das novas tecnologias são bastante controversas, gerando acirradas discussões no seio da sociedade e sérios dilemas para os governantes que têm que tomar decisões relacionadas ao futuro das pesquisas. Como no caso da biotecnologia.
Muita gente acredita, por exemplo, que alterações genéticas em alguns tipos de culturas agrícolas podem aumentar a produtividade da agricultura, reduzindo o preço dos alimentos e até mesmo ajudando a combater a fome nos países em desenvolvimento. Esta é uma posição habitualmente relacionada com o governo e influentes sectores científicos e industriais dos Estados Unidos.
Por outro lado, na Europa se teme que os alimentos geneticamente modificados façam mal à saúde e prejudiquem produtores locais que têm custos mais altos. A pressão é forte e, em muitos países, a comercialização desses produtos é proibida por lei.
Debate à distância
O caso representa bem os dilemas enfrentados por países que estão à margem deste debate, mas são afectados por ele e podem pagar um preço bastante caro dependendo da posição que vierem a privilegiar.
É assim na América Latina e no caso específico do Brasil. "Os governantes brasileiros sabem que é preciso investir em pesquisas sobre culturas geneticamente modificadas para garantir a competitividade do sector agrícola no mercado internacional", explica Philipp Aerni, especialista em políticas públicas na área de biotecnologia do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, na Suíça.
Mas a adopção desse tipo de política pode custar o acesso aos importantes mercados europeus, que em geral são avessos ao consumo de alimentos GM.
''Além disso, os políticos sabem que podem ganhar votos com posturas contrárias aos alimentos transgénicos”, completa Aerni.
O exemplo ressalta a importância de contar com conhecimento nas mais avançadas áreas da tecnologia dentro do próprio país.
''O fato de que a discussão se desenrola segundo parâmetros estabelecidos pelos países desenvolvidos pode distorcer a percepção da opinião pública sobre a biotecnologia em países em desenvolvimento'', afirma Aerni.
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